Você armazena os instrumentais esterilizados adequadamente? Conheça a influência do armazenamento do instrumental odontológico na manutenção da esterilidade e saiba o que diz a ANVISA sobre o tema.
A esterilização é um processo essencial quando falamos em biossegurança, e é importante ressaltar que ela envolve não apenas o processo em autoclave, como também a lavagem e o empacotamento dos materiais, a distribuição dos materiais nos esterilizadores e o armazenamento das embalagens estéreis. Para que se possa garantir a eficiência do processamento bem como a manutenção da esterilidade do material, todas as etapas desse processo devem ser corretamente executadas.
Por que o armazenamento é tão importante? E como fazer isso de maneira eficiente?
O armazenamento apropriado do material, embora negligenciado por alguns, é de extrema importância pois, se realizado indistintamente, pode resultar na quebra da cadeia de esterilidade.
O que diz a ANVISA?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece alguns critérios para que os materiais sejam guardados da maneira correta, são eles: armazenados em área seca, longe de umidade, em armários com portas e não devem ser dobrados ou amassados. Na distribuição dos pacotes esterilizados deve-se ter o cuidado de manipulá-los com mãos limpas, com cuidado e o mínimo possível. É na CME que todo esse processamento acontece, desde a recepção, expurgo, preparo, esterilização, guarda e a distribuição dos materiais. As próprias características do espaço físico da CME devem garantir o controle da esterilidade, como por exemplo:
- Ela deve ser de material fosco, não-poroso, o mais liso possível e de revestimento de fácil limpeza;
- Os cantos devem ser arredondados e as paredes com o mínimo de saliências e reentrâncias;
- As janelas devem ser amplas e teladas. No entanto, as janelas da área de armazenagem do material estéril devem ficar fechadas;
- A umidade relativa ambiental requerida é de 30 a 60% e a temperatura ambiente deve estar abaixo de 25ºC;
- Recomenda-se ventilação artificial com sistema de filtragem, devido ao superaquecimento ocasionado pelos esterilizadores;
- Indica-se o uso de iluminação natural;
- A circulação de pessoas deve ser restrita e todos devem utilizar equipamentos de proteção individual.
Um estudo realizado numa faculdade de odontologia de Belo Horizonte tinha como objetivo comparar dois ambientes bastante utilizados por acadêmicos da área para armazenamento de materiais estéreis (os escaninhos/armários dos alunos e armários da Central de Material de Esterilização-CME). Em relação aos armários/escaninhos dos alunos, eles estavam localizados em um corredor de grande circulação de pessoas, de frente a área limpa da CME.
Os resultados indicaram que houve maior crescimento de colônias de bactérias nas amostras oriundas dos escaninhos dos alunos e que, neste sentido, a CME se apresentou como o local mais adequado para o armazenamento do material estéril.
Como podemos perceber, as diversas regras e normativas que estabelecem o correto funcionamento da CME servem para dar mais segurança aos processos e às pessoas envolvidas, garantindo a saúde de todos.
Por isso, nenhum processo ou recomendação deve ser negligenciado e os responsáveis pela CME e pelo processamento dos materiais devem conhecer profundamente todo o processo, inclusive no que se refere à correta armazenagem dos instrumentais. Assim, os riscos à saúde de pacientes e colaboradores são minimizados e a biossegurança pode ser garantida.
REFERÊNCIAS:
Sarah Christina Rodrigues Meira Reis; Iara Júnia Marques RamosI; Keli Bahia Felicíssimo Zocratto; Kelly Moreira Grillo Ribeiro Branco. The effects of dental instrument storage as regards the maintenance of sterility.Arq. Odontol. vol.48 no.2 Belo Horizonte Abr./Jun. 2012.