Hoje se sabe que os potenciais causadores de infecções em ambientes de assistência à saúde podem se tornar multirresistentes e se disseminar. Patógenos como o Staphylococcus aureus e Enterococos são capazes de sobreviver dias ou até semanas em ambientes hospitalares, laboratoriais ou odontológicos. Por isso, devemos atentar nas falhas presentes nos processos de limpeza e desinfecção das superfícies.
A redução do número de micro-organismos em superfícies limpas pode chegar a 80%, enquanto que em superfícies desinfetadas essa porcentagem chega a 99%. Embora as superfícies sinalizem um risco mínimo de transmissão direta de patógenos, elas podem facilitar a contaminação cruzada secundária.
Quando os profissionais de saúde não realizam a higienização correta das mãos e os instrumentais entram em contato com superfícies contaminadas ou com materiais biológicos, micro-organismos podem ser transmitidos de um paciente para outro. Por isso, alguns cuidados são fundamentais para a prevenção e diminuição das infecções.
Fatores de contaminação do ambiente
Dentre os fatores que favorecem a contaminação do ambiente, podemos citar: superfícies úmidas, molhadas ou empoeiradas; contato direto das mãos dos profissionais com as superfícies; e condições precárias de revestimento e manutenção de matéria orgânica.
Além disso, a presença de sujidades possibilita a proliferação de micro-organismos e vetores. Por isso, todas as áreas devem ser devidamente limpas e desinfetadas a fim de que a matéria orgânica presente não se torne um substrato para a proliferação de micro-organismos.
Infecções por rotavírus podem ocorrer, uma vez que esse agente sobrevive por mais de 12 dias no meio ambiente. O vírus da imunodeficiência humana (HIV), por sua vez, consegue sobreviver em matéria orgânica ressequida até três dias e o da hepatite, por até uma semana.
Protocolos de limpeza na área da saúde
Estudos mostram que, mesmo após a limpeza, micro-organismos multirresistentes podem ser encontrados na superfície de equipamentos e leitos. Por isso, protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção de superfícies devem ser seguidos pelos serviços de saúde, diminuindo a interferência do ambiente nas infecções. Para tanto, usamos as seguintes medidas:
- Evitar levantamento de partículas em suspensão, como no caso dos aspiradores de pó.
- Não realizar varredura seca em ambientes internos de assistência à saúde.
- Remover imediatamente a matéria orgânica das superfícies.
- Limpeza e secagem das superfícies de equipamentos, pisos, mobiliário, entre outros.
- Isolar áreas em reforma com barreiras herméticas para não dispersar detritos, poeira e fungos em áreas críticas.
Esses procedimentos melhoram a aparência do ambiente, aspecto fundamental na qualidade do atendimento. Cada área é então classificada quanto ao risco potencial de transmissão das infecções, facilitando estratégias para limpeza e desinfecção de superfícies. Assim, temos:
– Áreas críticas: onde são realizados procedimentos de risco ou onde pacientes imunodeprimidos se encontram.
– Áreas semicríticas: com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas.
– Áreas não críticas: compartimentos não ocupados por pacientes e onde não acontecem procedimentos de risco.
Seja qual for a sua área de atuação, conscientize-se: a eficiência da desinfecção é a chave para a sua segurança e a do seu paciente.
Adriana Cesário; Maria da Conceição Lira; Sylvia Lemos Hinrichsen . Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Capítulo 1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.