Segundo a RDC 15, que estabelece os requisitos de boas práticas do processamento de produtos para a saúde, a limpeza é concebida como etapa fundamental desse processo, removendo sujidades orgânicas e inorgânicas da superfície dos materiais, das reentrâncias, das articulações e dos lumens. Com isso, a remoção de resíduos como proteínas, lipídos e amido, facilmente encontrados no sangue, e secreções, como as endotoxinas, pode ser efetuada com eficácia, assim como a diminuição da carga microbiana, deixando o artigo mais seguro para o manuseio.
Pensando nisso, as lavadoras ultrassônicas foram criadas para automatizar a limpeza
de instrumentais e canulados por meio de um princípio de cavitação em que ondas
de energia acústica são propagadas em solução aquosa.
A efetividade da limpeza depende de vários fatores, como a complexidade do material,
a qualidade da água, o tipo de acessório utilizado para a limpeza, o manuseio e
o preparo das peças, o enxágue e a secagem do produto, que deve ser previamente
limpo para evitar que barreiras físicas se interponham à ação de agentes
desinfetantes e esterilizantes.
Engana-se quem imagina que a limpeza é uma atividade de menor importância. A
remoção de contaminantes a partir de detergentes específicos não deve eliminar
a etapa de ação mecânica por fricção com esponjas, jatos de água e energia
ultrassônica.
Desse modo, as partículas podem se desprender da superfície do produto, reduzindo m a carga microbiana no seu preparo para processos de desinfecção ou esterilização.
Os equipamentos ultrassônicos possuem um ciclo de enchimento de água, dosagem
de detergente, desgaseificação da água, etapas que poderão ser manual ou
automatizada dependendo do modelo escolhido, lavagem com ultrassom e fluxo
intermitente de lavagem de canulado, assim como descarte de líquidos e
enxágue, também manual ou automatizado.
Testes de limpeza e de cavitação devem ser realizados periodicamente. Após
resultados satisfatórios, a carga poderá ser liberada para dar seguimento
ao processamento. Segundo a RDC 15, a qualificação das lavadoras
ultrassônicas é obrigatória e tem periodicidade mínima anual. Deve ser
realizada com sensores de temperatura devidamente calibrados.
Nos centros de materiais e esterilização (CME) classe II, isto é, que realizam processamento de produtos para a saúde de artigos não críticos, semicríticos e críticos com conformação complexa, ou seja, em materiais com lumens menores que 5 mm, faz-se necessário o uso de acessórios para limpeza de canulados com uso da tecnologia de fluxo intermitente.
Fontes
PSALTIKIDIS, Eliane Molina; RIBEIRO, Silma Maria Pinheiro Cunha. Recepção e limpeza dos materiais. Enfermagem em CME.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0015_15_03_2012.html